dom. dez 22nd, 2024
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Vivemos a era do contrassenso. Estamos cercados e temos acesso às informações, mas o que mais fazemos é desacreditar no que é dito. Utilizamos a todo momento o que a tecnologia espacial pode nos oferecer, mas muitos não acreditam na possibilidade do Homem ter pisado na Lua e muito menos que podemos não estar a sós no Universo. Comemoramos os muitos avanços da medicina quando da descoberta de tratamentos para cancêres, diabetes. Nos surpreendemos quando são realizados transplantes e vidas dadas como perdidas são salvas. Ficamos boquiabertos nos momentos em que pessoas são “reconstruídas” com o uso de próteses feitas em impressoras em 3D em velocidade e perfeição assustadora. Nos maravilhamos quando a medicina genética começa a indicar tratamentos inovadores com o uso de tecnologias que pode visualizam o que de menor temos no nosso corpo. Esses avanços da tecnologia, aliada à medicina, colocam a raça humana numa condição de quase decidir sobre entre a morte e vida. O sonho de ser um quase-deus é até dado como certo para alguns cientistas. Questões éticas e morais muitas vezes são submetidas à necessidade de salvar vidas, de apresentar solução, de garantir sobrevida, de oferta melhor qualidade de vida e, ainda, gerar lucro. 

E é justamente nesse último ponto em que começa o contrassenso da era da informação. Estamos cercados, tomados de assalto, enjaulados, vigiados pelas ferramentas de comunicação que desenvolvidas na corrida tecnológica. Ao mesmo tempo, estamos produzindo conteúdo, registros, arquivos, memórias por meio dessas ferramentas, que não haverá necessidade de teste de carbono para comprovar a existência ou ano de ocorrência. Nossa memória saiu de sua limitação humana dentro do cérebro, para a velocidade e agilidade dos bytes da informática. Não necessidade de memorizar números de telefone, fotos da última viagem, lembranças das fortes emoções. Todas podem e estarão “salvas” em alguma ferramenta digital para ser acessada sempre que necessário, dependendo apenas de uma senha. 

Acreditamos em tudo e deixamos de acreditar em tudo. Cada área da ciência com certeza tem uma explicação plausível para essa condição humana. Não quero elaborar tratados a respeito do tema, apenas de forma mais rasa dizer, vivemos nosso maior contrassenso. No momento da história moderna em que a humanidade mais precisa da confiança em seus cientistas, inventores e tecnólogos para sair da encruzilhada das suas trapalhadas, ela se porta como alheia à condição de coletivo e se volta para acreditar na desinformação. A pandemia do Coronavírus mostra sua força com a segunda onda, já iniciada na Europa, e as teorias conspiratórias ou apocalípticas contra vacinas, medidas sanitárias e de enfrentamento ao contágio ganham força, espaço, discursos e adeptos. As pessoas que não se sentem dominadas pelo Big Brother (Grande Irmão) da tecnologia se dizem dominadas ou ultrajadas por Governos dominadores, opressores, ditatoriais que querem impor isolamento, restrições de circulação, fechamento de áreas de lazer em razão ainda escusas para colocar em prática um plano macabro de redução da população mundial e controle sobre seus inimigos. Seria cômico se não fosse pura tragédia. Apenas no Brasil mais de 160 mil vidas perdidas, e passamos uma semana discutindo se quando tivermos uma vacina o Governo irá distribuir à população. Há muito para avançarmos e alcançarmos como pessoa. Ao longo da história da humanidade, religiões, ciências, comportamentos buscam a melhor condição de cada pessoa. Quando algumas desses estudos conseguem êxito em alguns indivíduos percebemos que será necessário fazer muito mais. É preciso algo que impacte a raça humana. Nosso comportamento destrutivo, o qual não cuidamos nem da nossa Casa Comum: o Planeta Terra, tende a explicar bastante do comportamento de muitos nesse momento de pandemia e esse contrassenso em acreditar e utilizar das novas tecnologias, mas não agir pela saúde de todos. É preciso uma vacina contra o contrassenso.

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Celso José Oliveira

Jornalista, Mestre em Ciência da Comunicação, Professor, Assessor de Imprensa e Agrofloresteiro.
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By Celso José Oliveira

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