Maria Felipa de Oliveira, foi uma mulher negra marisqueira, pescadora, trabalhadora braçal e capoeirista, que teve sua participação em estratégias de libertação do povo preto, morava na Ilha de Itaparica na Baía de Todos os Santos- BA. A historiografia hegemônica não conta a sua história, coloca essa personalidade nos caminhos marginalizados e silenciados da sociedade.
É através principalmente da tradição oral que seus feitos são narrados , Maria Felipa participava ativamente na luta pela libertação do povo preto, liderando grupos de mulheres e homens negros , além de contar com a participação dos povos indígenas e foi numa dessas ações de libertação dos escravizados que ficou conhecida por seus conterrâneos e de certa maneira marcada como a precursora da Independência da Bahia.
Aproximadamente quarenta mulheres saíram “ vestidas para matar”, aproveitaram-se do estereótipo racista que os colonizadores colocavam nas mulheres negras, estabelecendo sobre elas a hipersexualização de seus corpos e o caráter de sedução. Esta situação remete ao feitiço virando-se contra o feiticeiro, a utilização das ferramentas do branco contra o seu sistema escravocrata.
Elas então seduziram os soldados e seus comandantes e levaram-nos para um lugar ermo da ilha. Quando esses homens crentes de que teriam uma noite de amor frente ao momento de guerra em que estavam, Maria Felipa com suas parceiras aplicaram-lhes uma surra de cansanção, uma erva semelhante à urticária, provocando uma enorme irritação na pele e alergias extremas com sensações de queimadura. Enquanto isso, uma parte do grupo das mulheres incendiava as embarcações, os quarenta e dois navios que atracaram com negros escravizados.
Esta ação é considerada como decisiva para a vitória da Bahia sob os colonizadores portugueses, desempenhando um papel central na Guerra da Independência Baiana, desestabilizando o exército dos colonizadores.
Maria Felipa morreu levando consigo o legado de resistência e de luta pela liberdade. Sua morte dada no dia 04 Janeiro de 1873, pela falta de registros e pelo descaso cometido com a sua história não se tem conhecimento sobre o dia de seu nascimento.