Pastos, beiras de córregos, lagos, capivaras e cavalos são algumas das residências do carrapato
Até dezembro de 2021, cidades da região de Campinas registraram 29 casos de febre maculosa, sendo 20 mortes até o mês de outubro, segundo informação do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). De acordo com o órgão, a quantidade de casos registrados não caracteriza uma epidemia da doença, mas poderia ser menor se a população buscasse tratamento precoce.
Uma forma de tratar precocemente a febre maculosa é conhecendo o funcionamento da contaminação. O hospedeiro e as características da febre maculosa mudam de acordo com a localização e na região de Campinas, a doença é transmitida exclusivamente pelo carrapato estrela, Amblyomma sculptum que vive em pastos, beiras de córregos e lagos, vegetações ciliares e matas além de serem frequentes em capivaras e cavalos. A FMB é transmitida ao ser humano através da picada do carrapato infectado pela bactéria. A transmissão acontece quando o carrapato infectado fica aderido à pele por mais de quatro horas. Este é o tempo mínimo estimado para que o carrapato possa introduzir as bactérias dentro no organismo.
O período entre a contaminação e morte, nesta região é de seis a oito dias, ou seja, a doença evolui rapidamente, daí a importância do diagnóstico precoce para o tratamento que também promove a rápida recuperação.
Para a veterinária Tosca de Lucca, na febre maculosa, o que distingue a recuperação do óbito é a rapidez no início do tratamento. Dores de cabeça, náuseas e outros, são sintomas de diversas doenças, inclusive da febre maculosa e, por este motivo, é necessário que o doente procure uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequado da doença. A automedicação potencializa o agravamento da doença, alerta a veterinária. Ao buscar ajuda médica na unidade de saúde, a pessoa infectada diz se esteve ou reside em local onde existe a presença do carrapato estrela e neste caso, será medicada e realizado exame que deverá ser repetido em duas semanas para a certificação da febre maculosa. Para Tosca de Lucca, esta última é a maior dificuldade entre os profissionais de saúde tendo em vista que na maioria dos casos, os pacientes não voltam para refazer o exame.
A bactéria que causa a febre maculosa está presente em algumas áreas e circula através dos carrapatos e de alguns de seus hospedeiros. Uma vez infectado, o carrapato permanece infectado por toda a sua vida que geralmente, dura 18 meses. O carrapato pode passar a infecção para outros carrapatos, incluindo a transmissão de “mãe para filhos”. Cada fêmea de carrapato pode gerar mais de 6 mil filhotes. Se esta fêmea de carrapato estiver infectada, ela poderá transmitir a bactéria causadora da doença para uma parte de sua prole. Vale esclarecer que nem todos os carrapatos estão infectados com a bactéria e a doença não é transmitida de pessoa para pessoa!