sáb. dez 21st, 2024
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Propositadamente, deixei minha contribuição ao site para ser redigida hoje. Também não queria iniciar esse texto com um advérbio controverso entre os etimólogos, a ponto de considerá-lo desnecessário. A cabo de que nada desnecessária é a minha falta de humildade em achar que trago os requisitos mínimos para propor o debate do tema que estará pontuado nas próximas linhas. Depois de quase expulsar você que se dispõe a ler, indico que não falarei exclusivamente de eleições. A considerar que seria o tema pertinente para essa semana. Depois das muitas chacotas que fizemos com o processo eleitoral dos Estados Unidos, estivemos e ficamos à beira de um vexame nas mesmas proporções. Alguns argumentos que ouvi ao longo do day after me levaram a crer que foi feio, mas, mesmo assim, fizemos bonito na apuração, pois o problema é mais embaixo e que a velocidade da apuração, em outros pleitos, apenas escamoteia os reais problemas da nossa Justiça Eleitoral.

Estamos na Semana da Consciência Negra, com a data do dia 20 de novembro ficando como marco dessa semana, ao lembrarmos a liderança, a garra, a sabedoria, a força, a resiliência e resistência de Zumbi e Quilombo dos Palmares. Há livros, filmes, documentários e pessoas mais indicados em todos os lugares do Brasil que melhor possam auxiliar para descrever o que foi Palmares e quem foi seu grande líder. Indico que busquem por essas vias. Aqueles que farão essa consulta pela primeira vez, espero que sejam motivados a conhecer a história a partir do primeiro navio negreiro a aportar em terras tupiniquins até o fim do tráfico de homens e mulheres do continente africano. Para conhecer Palmares é preciso entender o antes, o durante e o depois. Dessa forma, chegamos ao tema que quero refletir nesse encontro.

Ao final da apuração da votação, em meio a pandemia da COVID-19, havia muitos temas a serem debatidos. Mas, também boas surpresas começaram a surgir. Com a agilidade das informações que nos chegam, abro uma das redes sociais e constato um site de notícias relacionando as candidatas mulheres eleitas, candidatas negras eleitas e candidaturas identitárias eleitas. O feito supera barreiras importantes, não apenas no comportamento do eleitorado, mas os bons acontecimentos ocorreram nas pequenas e nas grandes cidades e em vários estados brasileiros. Outro fato relevante, a maioria dessas candidaturas tiveram como tema aquilo que mais afrontava a “sociedade local” e mesmo assim saíram vencedoras.

Suscito a reflexão apresentando o que possa parecer uma contradição. Acredito não ser o momento de analisar os benefícios dessas conquistas, mas sim seguir avançando as trincheiras. O discurso do ódio que eclodiu no país nos últimos anos, conseguindo até defensores nas camadas sociais, tende a frear esse avanço com violência. A classe opressora, com todas as suas características definida, tende a aceitar a nova situação e parecer que foi o suficiente para que nunca chegou a tal patamar. Receio que aqueles que ainda estejam em processo de reconhecimento da necessidade de igualdade social não compreenda o real significado dessas vitórias. Pressão, compreensão e equidade devem estar no horizonte, com a sapiência para entender que os compromissos com a sociedade não são maiores e nem menores do que aqueles que possam representar outros setores.

Essas conquistas trazem em si a necessidade do debate, mas esse não é, não pode e não será um fardo, mas a construção de uma consciência da realidade brasileira, calcada nas suas desigualdades e a urgência na formação de conceitos além do racismo, da homofobia, transfobia ou outras fobias que excluem e fere. As pessoas eleitas com a identificação pelo rompimento dessa sociedade excludente são representantes das lutas antes e depois de Zumbi. Cabe a elas demonstram que não portam a luz do Olimpo, mas carregam juntas as tábuas da transformação social, da conscientização e humanização que há muito precisamos. Que essa Semana da Consciência Negra seja de verdadeiras comemorações, de verdadeiras conquistas e de transformação real. Nosso custo social começa a ter passos para ser sanado, não podemos parar.

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Celso José Oliveira

Jornalista, Mestre em Ciência da Comunicação, Professor, Assessor de Imprensa e Agrofloresteiro.
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By Celso José Oliveira

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